Justiça Eleitoral desaprova contas dos prefeitos Paulinho Freire e Allyson Bezerra
A Justiça Eleitoral desaprovou as
contas eleitorais dos prefeitos eleitos de Natal,
Paulinho Freire, e de Mossoró,
Allyson Bezerra. As decisões foram publicadas nesta terça (10) e quarta-feira
(11). Os dois são do União Brasil.
O juiz eleitoral José Armando Ponte
Dias Junior, da 69ª Zona, decidiu desaprovar as contas de Paulinho Freire e da
vice Joanna Guerra por verificar "falhas que, em seu conjunto,
comprometem a regularidade das contas de campanha".
O juiz determinou que a chapa deve
restituir aos cofres do Tesouro Nacional o valor de R$ 1.034.848,43 acrescidos
de juros moratórios e atualização monetária. O pagamento deve ser feito em até
5 dias após o trânsito em julgado.
Já a juíza Cinthia Cibelle Diniz de
Medeiros, da 34ª zona, determinou à chapa de Allysson Bezerra e do vice Marcos
Medeiros a devolução à União do "valor tido por irregular": R$
426.600,00. O prazo também é de 5 dias a contar do trânsito em julgado.
Os dois candidatos eleitos se
manifestaram. Allyson Bezerra disse, através do advogado de defesa, que confia
na revisão do entendimento da Justiça. Já Paulinho Freire disse, também através
da defesa, que vai provar que seguiu a legislação eleitoral .
Entre os problemas apontados pelos
juízes estão excesso de gastos com a campanha, falta de transparência em
acordos com empresas de publicidade, falta de comprovação dos gastos com
aquisição de materiais de campanha e até erro na prestação de contas no abastecimento
de veículos de campanha.
Paulinho Freire
Na decisão, o juiz apontou que os
valores pagos pela chapa de Paulinho Freire a uma empresa de comunicação e
marketing político na campanha "são antieconômicos para os cofres
públicos, com excesso de gasto". Segundo o juíz, o acordo de R$
884.771,02 "compromete a regularidade das contas de campanha"
Por variáveis no preço do serviço, o
juíz colocou uma margem de 10% e determinou que o montante a ser devolvido
seria de R$ 796.293,91 desse acordo, o maior valor entre os apontamentos da
Justiça.
A Justiça apontou ainda que o parecer
técnico do TRE apontou "irregularidades graves, que comprometem a
transparência e a lisura das contas", em relação a um acordo com uma outra
empresa de publicidade. Segundo o juiz, no acordo inexistiu
"elementos que comprovem a execução do serviço".
O juiz ainda reforçou que é dos
candidatos o dever de comprovar a execução dos serviços e das subcontratações.
"No caso, os gastos apontados no parecer técnico permaneceram à
descoberto, o que gera irregularidade grave", frisou.
A decisão apontou ainda falta de
transparência em um outro acordo com uma empresa de publicidade. "Entendo
que tal situação, de fato, como apontou o parecer técnico, inviabiliza a
validação do gasto eleitoral em destaque, uma vez que dificultou a compreensão
da forma de execução do serviço, comprometendo a transparência dos gastos
eleitorais", escreveu.
O magistrado ainda apontou problemas
quanto às despesas com aquisição de combustíveis para veículos que
serviram à campanha, com "a existência de notas fiscais referentes a
aquisição de combustível para diversos veículos cujas placas não foram
informadas na prestação de contas".
Outro problema apontado foi um acordo
com uma assessoria empresarial, já que, segundo o juíz, os pagamentos à empresa
"não foram colacionados aos autos a necessária planilha de formação de
preço, tampouco recibos ou comprovantes de pagamentos individuais aos
subcontratados".
Allyson Bezerra
A juíza apontou na decisão sobre o
prefeito eleito de Mossoró que não foram comprovados gastos relativos às
despesas com pessoal, atividades de militância e mobilização de rua,
publicidade por carro de som, cessão ou locação de veículos e eventos de promoção
da candidaturas.
Segundo a decisão, esses tópicos
perfazem o valor total de R$ 426.600,00, que corresponde a 12,40% do total
de despesas da prestação de contas.
Dessa forma, a magistrada entendeu
"ausentes elementos complementares aptos a comprovar a efetiva prestação
dos serviços, conforme solicitado em sede de relatório preliminar e reafirmado
em parecer conclusivo, mesmo após nova oportunidade de manifestação pelos
prestadores de contas".
Outro ponto apontado pela Justiça foi
quanto aos gastos com produção de jingles, vinhetas e slogans, com uma produção
comprovada menor do que a apresentada - 10 jingles feitos de 12 declarados.
O que dizem os candidatos?
Allyson Bezerra
Em nota, a defesa de Allyson Bezerra
informou que o prefeito reeleito discorda, respeitosamente, quanto ao
entendimento da decisão e que recebeu com tranquilidade a decisão,
"sabendo que todas as provas exigidas pela legislação eleitoral para
realização das despesas de campanha, além de diversas comprovações adicionais,
foram apresentadas à Justiça".
A defesa informou ainda que vai seguir
demonstrando "que o julgamento não está correto, solicitando que as provas
sejam analisadas, tanto perante a Justiça Eleitoral em Mossoró quanto, se
necessário, às instâncias superiores".
A defesa informou que confia na
revisão do entendimento, tendo em vista o cumprimento das exigências legais.
Além disso, reforçou que o julgamento das contas não interefere na diplomação e
no exercício do mandato.
Paulinho Freire
Em contato com a Inter TV, a defesa do
prefeito eleito Paulinho Freire informou que acredita "e confia que vai
demonstrar em juízo que a arrecadação e os gastos em campanha seguiram
fielmente a legislação eleitoral".
A defesa do prefeito citou também que
"toda a campanha de Paulinho Freire e Joanna guerra foi pautada na
legalidade e na transparência".
G1RN*
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