Em audiência, MPRN cobra solução para famílias residentes em área de risco no leito do Rio Doce
A situação de famílias que residem em
área de risco no leito do Rio Doce, no bairro da Redinha, em Natal, foi tema de
uma audiência judicial realizada nesta segunda-feira (14). O assunto é alvo de
uma ação civil pública movida pelo Ministério Público do Rio Grande do Norte
(MPRN), por meio da 45ª Promotoria de Justiça de Natal, que cobra a realocação
dessas famílias.
A audiência foi realizada pela
Comissão Regional de Soluções Fundiárias do Tribunal de Justiça do Rio Grande
do Norte (TJRN) e contou com a participação do Centro Judiciário de Solução de
Conflitos e Cidadania (Cejusc). Além da 45ª Promotoria de Justiça de Natal, a
audiência teve participação do Centro de Apoio às Promotorias de Justiça do Meio
Ambiente (Caop Meio Ambiente). Apesar de convocada, a Prefeitura de Natal não
compareceu à audiência. Uma visita técnica ficou agendada para ser realizada na
área no dia 2 de dezembro de 2024 com convocação judicial.
A ação foi ajuizada pelo MPRN diante
da grave situação das famílias que vivem em condições sub-humanas, com moradias
instaladas no leito e as margens do rio, uma área inundável e totalmente
desprovida de saneamento básico. Segundo o levantamento do MPRN, pelo menos 25
famílias residem nessa situação.
Na ação, o MPRN pede a construção de
novas unidades habitacionais em uma área que já foi desapropriada pela
Prefeitura para a realocação dessas família. “Nós temos uma perspectiva muito
positiva nessa ação, porque diferente de outras, ela tem uma solução já
indicada. Estamos falando de uma área já definida para solucionar o problema
vivido por essas famílias”, registrou a promotora Gilka da Mata, responsável
pela ACP.
Em 2008, a Prefeitura de Natal
desapropriou uma área para construção de unidades habitacionais destinadas à
realocação das famílias. O projeto previa a possibilidade de construção de 41
undiades habitacionais. A obra, no entanto, não aconteceu. “O município conhece
a situação, inclusive chegou a apresentar uma solução dentro de um projeto, mas
essa medida nunca saiu do papel”, explicou a promotora.
Durante a audiência, o MPRN solicitou
que a Justiça defina prazo para o Município de Natal atualize o levantamento
das famílias que estão residindo dentro do rio Doce (trecho entre a Av. Conselheiro
Tristão e a Av. João Medeiros Filho), apresente um cronograma para ações de
isolamento da área desapropriada, apresente um cronograma para construção das
unidades habitacionais na área e apresente uma solução para realocar as
famílias que, atualmente, estão instaladas no leito do rio, em condições
sub-humanas.
A promotoria destacou ainda os riscos
ambientais, registrando a importância social do Rio Doce que fica sob risco de
contaminação por esgoto e a proliferação de doenças. “Estamos falando de um
leito que tem um enorme impacto social e ambiental para nossa cidade. A água da
região Norte de Natal é parcialmente abastecida pelo Rio Doce. Então, temos um
risco quando observamos que o leito do rio está ocupado por pessoas que
despejam dejetos em fossas improvisadas”, explicou a promotoria.
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