‘Jogo do Tigrinho’ e ‘bets’ chegam a escolas do CE, viciam alunos e se tornam desafio para o ambiente de educação
“A possibilidade de ganhar dinheiro
fácil.” A resposta é unânime entre estudantes cearenses que tentam explicar por
que se viciaram em casas de apostas e jogos de azar como o “Jogo do Tigrinho”.
O hábito invadiu as salas de aula, tirando do eixo não só a educação, mas a
vida financeira já precária dos adolescentes – sobretudo os de escolas públicas.
Um dos alunos ouvidos pela reportagem,
José*, 18, confessa que chegou a utilizar parte do benefício do Pé-de-Meia em uma das “bets”.
“Peguei R$ 50 dos R$ 400, botei todo no Ceará (o time de futebol), e
perdi”, lembra.
O vício ocupa não só o tempo livre em
casa, mas os intervalos na escola e até as próprias aulas, tornando-se um
desafio a mais para os professores e gestores, como lamenta a diretora de uma
escola estadual de Fortaleza, que não será identificada aqui.
Essa realidade é conhecida por José*.
“Teve uma vez que com R$ 1 real eu fiz R$ 15. Apostei de novo, na ganância, e
perdi tudo. Quando ganha, tu fica motivado, mesmo já tendo perdido muito.
Pensa ‘agora vou recuperar tudo!’, mas vai só perdendo”, reconhece o jovem, que
costuma apostar em duas “bets” diferentes.
Já Carlos, 18, sucumbiu ao
“Tigrinho”. “Quando ele paga, a pessoa fica na ganância, quer jogar mais e
perde o dinheiro. Em qualquer momento a gente tá usando. Se tá com dinheiro e
vê que o horário é bom, se desconcentra da aula pra jogar”, assume.
Desafio
A gestora escolar ouvida
pelo Diário do Nordeste compartilha que “todos os diretores falam que
têm aluno usando esses jogos na escola”, e alerta que isso se soma a um desafio
que já é imenso: manter os estudantes dentro da sala de aula.
Os impactos das perdas
financeiras e os prejuízos educacionais causados pelas apostas são
reconhecidos pelos estudantes que conversaram com a reportagem – mas todos
reforçam que “não é fácil” parar de utilizar as plataformas.
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