Demora em obras na BR-304 prejudica economia potiguar
A
demora em entregar uma resolução mínima para o problema do bloqueio na BR-304
segue causando dores de cabeça para diversos setores da economia potiguar. A
via foi interditada no início de abril, quando uma enxurrada derrubou a ponte
sobre um rio, na altura do km-203. Inicialmente, o prazo para a finalização de
desvio às margens da BR, em um trecho que fica entre Lajes e Caiçara do Rio do
Vento, era de 15 dias, mas em razão da continuidade das chuvas na região, o
prazo foi adiado. O Dnit informou que vai concluir a implantação do desvio “nos
próximos dias”. Já a recuperação da via deve levar até um ano para ser
finalizada. Sem solução, a economia arca com os prejuízos.
Na indústria, várias cadeias são afetadas, mas setores ligados à construção
civil, como as cerâmicas e o segmento de material de construção em geral, além
de alimentos e bebidas, estão sendo bastante penalizados, de acordo com o
presidente da Federação das Indústrias do RN (Fiern), Roberto Serquiz. Ele diz
que não há uma estimativa dos prejuízos financeiros, mas ressalta que os
problemas são variados. “Nós temos constatado um aumento de custo em produtos
que têm uma ligação direta com o cotidiano, com uma influência no custo de
produção e na qualidade de vida das pessoas”, aponta.
“Isso
tem levado o empresário a alguns sacrifícios em função da competitividade,
absorvendo e em alguns casos, reduzindo a própria margem de lucro, para manter
a sustentabilidade do negócio. Portanto, o tempo de liberação da obra do desvio
da BR-304 poderá ter impactos além de uma provável inflação, com reflexos
empresariais de maior repercussão no planejamento das empresas, porque essa
situação vai gradativamente reduzindo a capacidade de investimento face a
rapidez, a velocidade da inovação tecnológica, com interferência direta no
multiplicador de investimentos”, acrescenta Serquiz.
Gilvan
Mikelyson Gois, presidente da Associação dos Supermercados do Rio Grande do
Norte (Assurn), explicou que os impactos começam com o aumento de custos para a
logística e chega às prateleiras, com efeitos nos preços de produtos. Ele
comenta no entanto, que não dá para mensurar esses efeitos por causa de
inúmeros outros fatores que interferem nos valores dos alimentos,
especialmente, como o excesso de chuvas em áreas importantes de produção Brasil
afora.
“A
questão da BR-304 é um dos fatores de impacto, principalmente para frutas e
verduras, mas não é o único. Não estamos com problemas de abastecimento. O que
acontece é um tempo mais longo para o produto chegar ao supermercado porque
percorre uma distância maior, mas chega. Essa demora em concluir o desvio, para
mim, não é surpresa. No setor produtivo, a gente sabe que ações de urgência por
parte do poder público, seja no âmbito municipal, estadual ou federal, não
combinam com rapidez e agilidade”, diz Mikelyson Góis.
O
presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do RN
(Sindipostos-RN), Maxwell Flor, diz que, para o setor de combustíveis, os
efeitos vão desde impactos nas vendas dos estabelecimentos localizados no
trecho interditado, ao encarecimento do frete para a distribuição em outras
regiões do Estado. Ele frisa, no entanto, que o consumidor final não tem sido
afetado com aumento de preços, uma vez que a elevação dos custos é absorvida
pelos revendedores. “As vendas dos postos ali na região bloqueada caíram
drasticamente, cerca de 90%”, afirma.
“Outro
reflexo é o aumento dos custos do frete. É bem difícil calcular este impacto
porque isso depende de cada posto. Os caminhões que trafegavam por aquela BR
migraram para rotas alternativas e, a depender do desvio, a alta com os gastos
é diferente para o revendedor, que acabou absorvendo essa conta por questões de
competitividade”, completa o presidente. Maxwell Flor diz que torce por uma
resolução mínima o quanto antes. “A gente vê com tristeza a inércia e lentidão
do Governo em reparar essa estrada, tão importante não somente para o nosso
setor, mas para toda a cadeia produtiva do RN”, aponta.
Já
para Roberto Serquiz, da FIERN, a lentidão nos serviços da rodovia é algo
“incompreensível diante da importância logística”, conforme ele indica.
“Sobretudo nesse momento em que estamos buscando o resgate da competitividade
para o Rio Grande do Norte. O esperado era que essa obra deveria ser a de maior
prioridade junto a todos os entes públicos neste momento – seja na esfera
federal ou estadual – até pela influência direta na geração de riquezas,
empregabilidade e, consequentemente, na arrecadação do Imposto Sobre a
Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS)”.
Fonte Tribuna do Norte
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