Operação do MPRN apura lavagem de dinheiro em salões de beleza em Natal, Parnamirim e Areia Branca
O
Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN) deflagrou nesta quinta-feira
(25) a operação Grammer. A ação, fruto de uma investigação conjunta com a
Polícia Civil potiguar, mira um suposto esquema de lavagem de dinheiro
envolvendo a abertura de esmalterias no Estado. As diligências foram cumpridas
nas cidades de Natal, Parnamirim e Areia Branca.
Somente
entre os anos de 2017 e 2020, foram movimentados mais de R$ 7 milhões nas
contas bancárias dos empreendimentos de beleza, cujos valores decorreram, em
parte, de atividades criminosas relacionadas a tráfico de drogas, furto
qualificado e sonegação fiscal.
O
termo Grammer faz referência a influenciadores digitais que utilizam das mídias
sociais para angariar seguidores e divulgar seus produtos e serviços.
A
operação contou com o suporte da Polícia Militar, resultando no cumprimento de
um mandado de prisão preventiva e outros 13, de busca e apreensão. Promotores
de Justiça, servidores do MPRN e policiais militares estiveram envolvidos na
operação.
As
investigações revelaram que o financiamento para a abertura de, pelo menos,
quatro esmalterias nas cidades de Natal e Parnamirim tem origens ilícitas,
vinculadas a explosões de caixas eletrônicos, tráfico de drogas e sonegação
fiscal. Essas atividades foram coordenadas por um homem com um extenso
histórico que inclui porte ilegal de armas, participação em organização
criminosa, lavagem de dinheiro, tráfico de drogas e furto qualificado.
Atualmente, esse homem está cumprindo pena no sistema prisional do Rio Grande
do Norte. A ex-mulher dele, empresária que detém a propriedade das esmalterias,
é uma influenciadora digital no ramo da beleza. As investigações comprovaram
que ela estava plenamente ciente da proveniência ilícita dos fundos que
impulsionaram seu negócio.
Além
dela, outros membros da família e uma funcionária dos salões estão sendo
investigados. Medidas restritivas foram aplicadas, incluindo o uso obrigatório
de tornozeleiras eletrônicas para a empresária e a mãe dela, retenção de
passaportes e a proibição de deixar Natal. O criminoso que cumpre pena recebeu
novo mandado de prisão preventiva.
Desde
a abertura da primeira esmalteria, em 2016, o casal continuou a expandir os
negócios mesmo sem rendas lícitas que justificassem os investimentos,
especialmente durante a pandemia de Covid-19. Eles mantinham um estilo de vida
luxuoso, ostentando viagens internacionais, carros caros e festas privadas, o
que não tinha respaldo no perfil socioeconômico dos dois no período.
Em
2016, ano de abertura da primeira esmalteria, o principal investigado exercia a
função de gerente administrativo da empresa, com salário declarado em torno de
R$ 1 mil. De acordo com o MPRN e a PCRN, esse fato demonstra a ausência de
ocupação lícita que justificasse a acumulação de capital para financiar o negócio
de sua então companheira.
Além
da ex-mulher, da mãe dela e de irmãos do homem apontado como cabeça do esquema,
também foi identificada a participação de terceiros agindo como intermediários
ou “laranjas”. Para o MPRN e para a Polícia Civil, as provas colhidas já
apontam a participação dos suspeitos no escoamento de recursos oriundos dos
delitos cometidos pelo principal investigado, por meio do investimento desses
valores na atividade empresarial, constituindo em um verdadeiro “capital de
giro criminoso”.
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