Farmácias reajustam preços dos remédios
Fonte Jornal -TN |
Desde
o último domingo (31), passou a vigorar uma norma do Ministério da Saúde que
permite o aumento do preço dos medicamentos em até 4,5%. A medida é válida em
todo o território nacional e foi definida pela Câmara de Regulação do Mercado
de Medicamentos (CMED), que também autorizou a aplicação total ou gradual do
percentual ao longo do ano. Em Natal, consumidores já percebem o aumento dos
medicamentos e se mostram preocupados com o impacto nos gastos que a nova
medida está trazendo.
Consumidora regular de medicamentos, a pensionista Maria de Fátima tem
realizado uma pesquisa diária de preços em diferentes farmácias, na tentativa
de escapar dos preços mais altos. Ela relatou que precisa diminuir a própria
taxa de glicemia com alimentos mais saudáveis. Porém, a necessidade de comprar
os medicamentos dificulta sua qualidade de vida. “Eu deixo de comprar frutas,
inhame, batatas e outras coisas do dia a dia que preciso. Eu não posso comer
tudo. Já terei que tirar do que eu ia comprar para pagar (os medicamentos). É
um absurdo”, disse. Maria ainda afirmou que gastou R$ 270 em remédios durante o
mês de março.
Também afetado pela subida dos preços, o aposentado Joaquim Soares relata que,
em média, gasta 300 R$ por mês com medicamentos para ajudar parentes que têm
problemas arteriais. Segundo ele, o custo com remédios para esse tipo de
doenças também subiu. “Com esse aumento, medicamentos que há pouco tempo a
gente comprava por R$ 60 agora compro por R$ 80. Outros, que eu comprava por R$
80, já estão acima de R$100. Eu estou tentando procurar aquele que a pessoa
está acostumada a usar, mas tenho que comprar outro”, disse.
A medida do CMED não é novidade. Segundo o economista Janduir Nóbrega, a
taxação aplicada pela comissão é anual e faz parte da política de
acompanhamento da majoração de preços de produtos administrados pelo Governo
Federal. Isso porque, a criação do percentual é uma política do governo criado
em 2005, para controlar o mercado farmacêutico e gerar equilíbrio.
“O governo começou a entender que o mercado estava muito solto e que o
consumidor, de maneira geral, estava em uma situação muito complicada, porque
os preços crescem ao bem querer do mercado em um mercado livre”, relatou.
Ele frisa que, por isso, foi determinado o acompanhamento dos custos
operacionais e de matéria-prima por meio do percentual. Quanto ao aumento do
preço, o economista afirma que a medida não inclui todos os medicamentos, mas
apenas aqueles inclusos na alta demanda, por parte dos consumidores.
Neste ano, o reajuste acompanhou a variação da inflação. “De maneira geral,
isso não é muito ruim, pois só há a composição do preço. Porém, na prática, ao
aumentar o preço, fica mais difícil para o consumidor adquirir o medicamento”,
opina.
A aplicação do percentual de 4,5% não é o único fator de encarecimento dos
produtos. Janduir salienta que a escalada dos preços é causada também pelas
próprias empresas, que justificam a atitude em função do custo de produção,
energia e transporte de insumos, bem como o local em que esses estabelecimentos
estão inseridos.
De acordo com o MS, o aumento não pode aumentar além o percentual máximo já
estabelecido nos próximos 12 meses, mas o economista aponta que as farmácias
podem tentar ultrapassar o teto. “No processo de prática usual, essas coisas
tendem a sair do controle, um pouco mais ou um pouco menos. Mas o mercado não é
autorizado a realizar um aumento maior do que esse (4,5%)”, alerta o Janduir
Nóbrega.
Para o consumidor, diz ele, analisar preços em diferentes farmácias pode ser a
melhor solução e a população deve entender a dinâmica dos valores para combater
situações abusivas. “Quando você consegue uma visão apurada dos valores, você
enxerga que o produto pode estar caro demais, ou que o preço não é real. Se
algo desta natureza for comprovado, os órgãos fiscalizadores vão fazer a parte
deles. Se os preços saíram do rumo, denuncie”, sugere o economista.
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