Policiais penais temem aumento de motins e evasões com fim das saidinhas
O Sindicato
dos Funcionários do Sistema Prisional de São Paulo (SIFUSPESP) teme que o
fim da saída temporária de presos, após decisão da Câmara dos Deputados nesta
quarta-feira (20/03), aumente insegurança e a instabilidade dentro das unidades
prisionais do estado.
A
preocupação é que a medida intensifique a tensão nas prisões não só de SP, mas também
em todo território penitenciário brasileiro, já que esta nova situação poderá ocorrer um
aumento nos casos de motins, agressões a funcionários e tentativas de
evasão.
Esse
medo tem razão de ser. O déficit de mais de 30% no quadro de agentes de
segurança, além das condições precárias e de superlotação enfrentadas pelas
unidades prisionais paulistas provocou um aumento alarmante de 304% nas
agressões contra policiais penais em 2023, em comparação com o ano anterior, e
um triplo aumento em brigas e motins, sublinhando a escalada da violência
dentro do sistema.
O presidente
do Sindicato, Fábio Jabá, argumenta que, mais do que nunca, é indispensável
reestruturar o sistema prisional, visando a ressocialização efetiva dos
detentos, em vez de medidas que apenas exacerbam o ambiente já tenso. "Precisamos
discutir soluções reais, como o aprimoramento do monitoramento por
tornozeleiras eletrônicas, além do reforço da segurança nas unidades para
enfrentar a crise no sistema prisional, que hoje mais se assemelha a uma
fábrica de criminosos", afirma.
Precariedade
Jabá
cita os Centros de Progressão Penitenciária (CPP), feitos para abrigar os
presos do regime semiaberto, que têm acesso à saidinha. Essas unidades têm
estrutura de segurança menor e, por isso, são alvos constantes da ação dos
ninjas, que arremessam drogas, celulares e outros ilícitos dentro das
unidades.
Uma
dessas unidades é o CPP "Dr Edgar Magalhães Noronha" de Tremembé,
conhecido como Pemano. Com capacidade para 2672 pessoas, abriga 2979. Nos
plantões diurnos, são 6 agentes para cuidar dessa população. Nos plantões
noturnos, o efetivo é ainda menor. Ou seja, cada agente cuida de 496 presos.
Impossível garantir a segurança plena da unidade com uma situação dessa.
O
mesmo acontece em Mongaguá. O CPP "Dr Rubens Aleixo Sendin" tem
capacidade para abrigar 1640 pessoas, mas estava com 2169 em 20 de março. Para
cuidar desse contingente, há apenas 6 policiais penais durante o dia e 4
durante a noite. “Decretar o fim das saidinhas sem investir na
ressocialização, na recomposição do quadro funcional e na segurança das
unidades é acender o pavio em um sistema dominado por facções criminosas e
extremamente fragilizado com a superlotação e a falta de materiais básicos”,
completa Jabá.
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