Secretário da Fazenda esclarece finanças do Estado em Comissão da ALRN
A Comissão de Finanças e Fiscalização da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte contou, nesta quarta-feira (09), com a participação do secretário estadual da Fazenda, Carlos Eduardo Xavier. O encontro teve como objetivo esclarecer dúvidas em torno da realidade financeira do Governo do Estado, e foi motivada a partir de convite aprovado por unanimidade pelos membros do colegiado. O gestor deixou claro que o Plano de Equilíbrio Fiscal é hoje um objetivo do RN. A ideia é incluir o Executivo junto a União em projetos para reequilibrar as contas e ter acesso a R$ 1,6 bilhão em financiamentos.
Na oportunidade, o secretário voltou a enfatizar que a atual crise é resultado
do baixo crescimento da receita – atribuída ao corte no ICMS em 2022 – e ao
grande aumento na folha salarial, principalmente devido ao reajuste dos
professores. “Não tem como não fazer o debate do peso hoje nas finanças
públicas estaduais da folha de pagamento. É preciso fazer esse debate. É um
tema difícil”, ressaltou. Carlos Eduardo revelou que além do aumento da folha,
há ainda um problema estrutural, que é o fato da maioria desses servidores já
ser aposentado ou pensionista.
Segundo o gestor, ao tornar pública a comparação das contas do estado comparando
números desse ano com 2022, a ideia não era dizer que “o RN quebrou”. Em
seguida, fez questão de garantir o pagamento do 13º salário dos servidores
dentro deste ano. Mas, para isso, “serão necessárias receitas extraordinárias”.
Para obter estes recursos extras, neste segundo semestre, a Secretaria da
Fazenda espera apresentar uma série de iniciativas para garantir os recursos
necessários ao Estado no cumprimento de suas obrigações. Entre as medidas que
ainda estão sendo estudadas, Carlos Eduardo antecipou que pretende apresentar
um novo programa de refinanciamento de débitos, um projeto para reduzir
temporariamente a alíquota do ITCD, além do recebimento de R$ 100 milhões
oriundos da venda da conta única.
“Essa é a nossa projeção para o segundo semestre. Então, a nossa premissa
fundamental diante da frieza dos números, é que não temos a mínima condição
fiscal de fazer novas concessões neste período. Estamos correndo atrás do que
já foi concedido. É uma fala difícil de fazer, mas não há condição financeira
de novas concessões em 2023. Em 2024, temos que manter receita crescendo e
precisamos trabalhar com crescimento sustentável da folha de pagamento e
despesas do Estado”, disse Carlos Eduardo Xavier.
Em relação as dívidas com as Prefeituras, o secretário voltou a sugerir que há
um acordo pré-definido com a Federação dos Municípios do RN (Femurn), para
quitar os repasses de ICMS em cinco parcelas. Um encontro dos prefeitos com a
governadora Fátima Bezerra (PT) está agendado para debater o tema. Outros recursos
referentes a IPVA e Farmácia Básica já estariam sendo repassados as
Prefeituras. Resposta semelhante foi dada também em relação as emendas
parlamentares, que teve o pagamento garantido, porém, em um ritmo dentro da
realidade financeira do Estado.
Primeiro a se pronunciar, o deputado Tomba Farias (PSDB) cobrou uma maior
colaboração do Governo Federal com o Estado. O parlamentar relembrou que
aportes de antigas gestões foram feitos em administrações passadas. Já a
deputada Cristiane Dantas (SDD) levantou o debate sobre o uso de recursos
durante a pandemia e a possibilidade da taxação pelo uso da água bruta, aquela
sem tratamento. Em sua resposta, o secretário esclareceu que nenhum recurso
destinado pelo Governo Federal para o combate da pandemia foi usado para pagar
salários e que a taxa da água bruta está sendo discutida.
Já o deputado George Soares (PV) criticou o prejuízo causado ao Estado com o
corte no ICMS promovido em 2022, apontado por Carlos Eduardo como um dos
fatores para a queda na arrecadação. Segundo o parlamentar, o Estado deixou de
receber R$ 430 milhões. “É uma falácia dizer que o RN tem condições de suportar
uma perda dessa”, disse.
Líder do Governo na Casa, o deputado Francisco do PT relembrou que a
governadora Fátima Bezerra, além de ter enfrentado o corte na arrecadação do
ICMS, também não contou com o dinheiro do fundo previdenciário “que gestões
passadas tiveram como recursos extras”. Segundo o petista, “o Governo Fátima
não herdou somente R$ 1 bilhão de folhas atrasadas, herdou consignados, e
quando estava o equilíbrio começando a acontecer, veio a pancada do maior golpe
federativo que foi a redução do ICMS”.
Propositor do convite para Carlos Eduardo Xavier comparecer a Comissão, o
deputado Nelter Queiroz (PSDB) questionou a grande quantidade de terceirizados
na administração pública, relembrando que este fato era criticado pela
governadora antes de assumir o cargo. Depois, cobrou a renegociação do contrato
com a Arena das Dunas. O secretário explicou que este acerto ocorreu em gestões
anteriores a atual e que o Executivo precisa honrar com os pagamentos com a
administradora do estádio.
Presidente do colegiado, o deputado estadual coronel Azevedo (PL) relembrou
ofício enviado ao secretário em junho, solicitando uma série de informações
sobre as finanças do Estado, como o detalhamento das despesas totais e a
previsão de convênios e operações de crédito planejadas. O parlamentar cobrou
maior celeridade na resposta dos dados. Carlos Eduardo disse que ainda não
havia recebido o documento e se comprometeu em enviar os números.
Também participaram da reunião da Comissão os deputados Isolda Dantas (PT),
Galeno Torquato (PSDB), Luis Eduardo (SDD), Divaneide Basílio (PT), Terezinha
Maia (PL), Hermano Morais (PV) e Dr. Bernardo (PSDB). O encontro ainda reuniu o
presidente da Femurn e prefeito de Lagoa Nova, Luciano Santos, além de vários
gestores municipais, e o presidente da Associação de Praças da PM, Eduardo
Canuto.
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