Desenrola Brasil: especialistas alertam para riscos de novo endividamento
Os brasileiros endividados que pretendem aderir ao programa de renegociação de dívidas do governo federal devem ficar atentos. Antes de fazer qualquer acordo com as instituições financeiras, é importante analisar todas as condições ofertadas para aceitar a proposta que caiba no orçamento. O economista Aurélio Trancoso explica que o Desenrola Brasil pode até ajudar ao tentar tirar as pessoas que estão inadimplentes junto aos bancos, às lojas e ao SPC e Serasa. Mas ele entende que isso pode ser um problema para quem não puder quitar as dívidas.
“A ideia
é que quem tem uma dívida bancária de até 100 reais, por exemplo,
automaticamente já tenha o nome retirado da negativação, só que a pessoa não
vai deixar de pagar aqueles 100 reais. Ele vai ser divido para pagar até o
final do ano e vai ter juros em cima de 2%, praticamente”, avalia.
Na
opinião do especialista, a maioria das pessoas que tem 100 reais hoje em banco
negativado, praticamente, são de carteiras ou contas que esqueceram abertas e
que o banco acaba cobrando uma taxa dos pacotes de serviços. “No final, você
acaba tendo um valor maior e nem sabia que tinha essa dívida lá sendo feita”,
ressalta.
Trancoso
ainda tem uma outra preocupação: “O que o governo está tentando fazer? Ele
quer crescer o PIB do país através do consumo e isso é tranquilo porque mais de
45% do PIB do país hoje já é através do consumo, então se ele aumentar isso
para 50% ou 55%, vai ter um aumento do PIB. Só que, em contrapartida, ele vai
endividar a população novamente”, justifica.
Para
o economista e professor de Pós-Graduação em Política Social da UnB, Evilasio
Salvador, o cuidado maior é com a formação de novas dívidas. “A pessoa tem que
fazer uma renegociação que caiba no seu orçamento e ter uma educação financeira
buscando equilibrar o seu orçamento entre receitas e despesas. O fato de fazer
dívida e parcelamento sempre vai ser uma condição necessária para quem vive
abaixo da renda no Brasil, mas é preciso tomar cuidado com as taxas de juros e
garantir a renda futura e se preocupar em continuar trabalhando”, alerta.
Fonte: Brasil 61
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