Pesca: falta de dados coloca em risco o meio ambiente e renda de pescadores no Brasil
Mesmo
diante de um cenário de crise, a pesca tem sido desprezada como fonte de
emprego, renda e segurança alimentar no Brasil. Atualmente, das 117 espécies
exploradas pela pesca comercial marinha no país, apenas oito possuem sua
situação conhecida. Outra constatação alarmante é que somente 9% das espécies
que são capturadas comercialmente no Brasil possuem planos de gestão – o que
evidencia que a atividade acontece sem um mínimo de planejamento e sujeita a
medidas isoladas.
Esses
dados revelam que o Brasil está pescando no escuro. Mas esta constatação não é
nova. A 2ª edição da Auditoria da Pesca 2021, divulgada nesta
quarta-feira (23) pela Oceana
Brasil diagnostica que não houve avanços na gestão da atividade no país
desde o final de 2020, quando foi lançada a 1ª edição da Auditoria. A Oceana é
uma organização não governamental, sem fins lucrativos, focada na preservação
dos oceanos e atua no Brasil desde 2014.
Para
o diretor científico da organização, o oceanógrafo Martin Dias, é urgente que o
Brasil adote estratégias efetivas para a gestão e o controle da pesca no
Brasil. “A lei brasileira permite que a pesca opere completamente no escuro.
Com pouco monitoramento e regras defasadas.”
Para
realizar este amplo diagnóstico sobre a realidade da pesca no Brasil, a
Auditoria produzida pela Oceana, se fundamenta na ciência, e utiliza 22
indicadores, divididos em quatro categorias: Política Pesqueira; Transparência;
Estoques Pesqueiros; e Pescarias.
“Isso
é importante para conseguir medir tendências: estamos evoluindo ou estamos
regredindo? Essa é a ideia central da Auditoria e seus apontamentos mostram, de
forma direta, se um gestor público teve um desempenho bom ou não”, analisa
Martin Dias, que coordenou a pesquisa.
Dentre
muitos outros dados, a pesquisa revelou que não existem dados sobre a situação
da população de 93% das espécies marinhas (como peixes e crustáceos, por
exemplo) exploradas comercialmente no Brasil. Isto é, não se avalia se as
espécies são exploradas de forma sustentável.
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