Meninas abaixo de 14 anos deram à luz a 5.652 bebês no RN em 12 anos
No
Brasil, um em cada dez bebês nascidos vivos são filhos de crianças ou
adolescentes de 10 a 19 anos de idade, segundo o Sistema Único de Saúde (SUS).
No Rio Grande do Norte, dados da Secretaria de Estado da Saúde Pública
(Sesap/RN) analisados pelo Instituto Santos Dumont (ISD), detalham que meninas
abaixo de 14 anos deram à luz a 5.652 bebês no RN - de 2010 a 2021 -, o que
configura a gravidez precoce.
Por
ano, essas mulheres pariram, em média, 471 meninos e meninas em todo o
território potiguar. Esse número, porém, poderia ser ainda maior se os casos de
óbito materno-fetal e aborto entrassem na conta. Neste mês de fevereiro, autoridades
de saúde ao redor do mundo chamam atenção para os riscos que envolvem a
gestação entre crianças e adolescentes.
O
número parece ser pequeno em percentual, variando de 1,2% a 0,7% do número
total de nascidos vivos no Estado ao longo dos anos analisados. No entanto,
acende o alerta para possíveis violações dos direitos de meninas e adolescentes
que passam a desempenhar um papel de mãe enquanto deveriam se dedicar
exclusivamente aos estudos. Apesar do decréscimo geral no percentual de bebês
nascidos de adolescentes, a situação ainda apresenta índices relativamente
altos, em especial, envolvendo a gestação de meninas entre 10 e 14 anos.
“Os
dados parecem baixos mas significam números altos de uma gestação considerada
precoce e é necessário pensar no tipo de relação que é estabelecida para que a
gestação aconteça. Podem até ser relações consentidas, mas que, legalmente, a gente
não pode considerar o consentimento de uma pessoa que é inimputável do ponto de
vista legal”, explica a preceptora multiprofissional assistente social do ISD,
Alexandra Lima.
No
Centro de Educação e Pesquisa em Saúde Anita Garibaldi (Anita), uma das
unidades do ISD em Macaíba, são inúmeros os casos de gravidez na adolescência
acompanhados, em razão da unidade ser referência no acompanhamento pré-natal de
alto risco no estado.
“Temos
recebidos de forma recorrente adolescentes gestantes e as situações vivenciadas
são inúmeras, desde a menina engravidar de um namorado da mesma idade ou dois,
três anos mais velho, até o absurdo de uma garota de 14 anos engravidar de um
homem de 42. Esse caso específico foi notificado como violência sexual, pois
especialmente quando a adolescente tem menos de 14 anos, a relação é
considerada, pela lei, estupro de vulnerável”, ressalta Alexandra Lima
Fonte G1RN |
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