CPI busca informações sobre contratação de ambulâncias na pandemia no RN
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte ouviu, na tarde desta quarta-feira (22), três pessoas que trataram sobre contrato relacionado ao enfrentamento da pandemia da covid-19 no estado. No encontro, os parlamentares buscaram as justificativas para contratação da empresa que venceu a disputa e se o trâmite para a contratação ocorreu dentro das normas vigentes.
Presidida pelo deputado Getúlio Rêgo (DEM), a reunião comissão teve a
participação dos deputados Francisco do PT, que é o relator, Gustavo Carvalho
(PSDB) e George Soares (PL), de maneira presencial, além da participação do
deputado Kelps Lima (Solidariedade), presidente da CPI, que estava participando
de maneira remota.
Primeira pessoa a depor, a Subprocuradora-Geral Consultiva do RN, Janne Maria
de Araújo, foi ouvida na condição de convidada. Ela explicou sobre as normas
que estabeleceram formas de dar celeridade aos contratos firmados durante a
pandemia, incluindo a possibilidade de emissão e utilização de pareceres
referenciais para contratos urgentes e que tivessem moldes semelhantes. Os
parlamentares questionaram a legalidade de alguns contratos, objetos de
investigação da CPI, incluindo o da compra de respiradores e das ambulâncias. O
último, inclusive, foi o mais discutido na reunião.
Sobre esse contrato, foram ouvidos Renata Silva Santos, servidora da SESAP, e
Igor Vinicius Fernandes de Morais, ex-subcoordenador da Assessoria Jurídica da
SESAP. Ambos foram na condição de testemunhas e responderam a questionamentos
sobre o contrato para o serviço de transporte sanitário, com disponibilização
de veículos e todos os equipamentos. Um dos principais questionamentos foi
acerca da vistoria realizada nas ambulâncias e também sobre a obrigatoriedade
inicial de que as empresas que fossem participar da disputa fossem
proprietárias dos veículos utilizados.
Durante o depoimento de Igor Vinícius Fernandes, o deputado Gustavo Carvalho
questionou se a obrigatoriedade das empresas serem proprietárias dos veículos
não prejudicaria a disputa. "Me parece um pecado jurídico cobrar a
propriedade dos veículos, o que me parece ter afastado outras empresas que
poderiam participar da disputa", analisou o parlamentar, que teve a opinião
comungada pelo depoente. "É uma informação importante essa
obrigatoriedade, porque claramente prejudicaria outras empresas que poderiam
disputar", complementou Getúlio Rego. A empresa que venceu a disputa não
tinha a propriedade das ambulâncias.
Também sobre os contratos, os parlamentares questionaram as datas sobre o
encaminhamento de documentos que, segundo eles, não poderiam ter ocorrido na
ordem afirmada pelo Governo. Um exemplo foi dado pelo deputado Gustavo
Carvalho, que afirmou que a aquisição de equipamentos por parte da empresa
vencedora ocorreu em data posterior à da vistoria realizada em que foi atestado
que as ambulâncias já estavam equipadas. "É muito estranho que não se
tenha uma imagem de dentro das ambulâncias que foram vistoriadas", analisou
Kelps Lima, questionando ainda sobre os motivos pelos quais o contrato foi
finalizado somente um mês após ter sido firmado.
Ainda sobre o assunto, a testemunha explicou que a forma de pagamento pelos
serviços, que eram realizados por deslocamentos e não por diárias, desagradou a
empresa, que questionou o valor a ser recebido. Porém, Renata Silva Santos
explicou que os serviços contratados, àquele momento, não eram mais
necessários. "Como é que o dono de uma empresa faz um contrato combinado
para ter prejuízo? Não há sentido", questionou o deputado Francisco do PT,
relator da CPI, sobre as suspeitas de possível favorecimento à empresa
vencedora do contrato.
Nesta quinta-feira, a CPI prossegue com depoimentos. Serão ouvidos dois
servidores da Sesap e um empresário.
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