Reforma administrativa não vai atingir quem já é servidor público
A
proposta de reforma administrativa (PEC 32/20) está em discussão na Câmara dos
Deputados, enquanto alguns pontos ainda são esclarecidos para a população. Na
última semana, o presidente da Casa, Arthur Lira (PP/AL), lembrou que o texto
não vai atingir o direito dos atuais servidores públicos.
A PEC deu mais um passo com a instalação da comissão especial, na última
quarta-feira (9). O colegiado será presidido pelo deputado federal Fernando
Monteiro (PP-PE), e terá relatoria de Arthur Oliveira Maia (DEM-BA). O tema é
um dos destaques das próximas sessões da Câmara, e é defendido pelo Ministério
da Economia para que haja menos gastos e mais eficiência, segundo avaliação da
pasta.
Segundo
a nota “O peso do funcionalismo público no Brasil em comparação com outros
países”, elaborada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), as despesas
com servidores públicos no Brasil equivaleram a 13,4% do PIB em 2018, enquanto
que na média dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE) os gastos com trabalhadores públicos representam 9,9% do
PIB.
É em
cima de dados como esse que o Ministério da Economia busca a otimização dos
serviços pelo texto em discussão. Entre os principais pontos da PEC, estão
restrições às estabilidades no serviço público e a criação de cinco tipos de
vínculos com o Estado.
A
proposta define que a estabilidade ficará restrita a servidores ocupantes de
cargos típicos de Estado, uma definição que deve ser feita por lei
complementar, e que a demissão será possível após decisão judicial de órgão
colegiado, não somente após o trânsito em julgado, como ocorre hoje. A reforma
também permite a demissão por desempenho insuficiente, com critérios ainda a
serem definidos por lei ordinária.
As
normas de estabilidade não atingem quem já é servidor, mas esses precisarão de
um bom desempenho em avaliações. Outro ponto importante do texto é a permissão
de contratação temporária por processo seletivo simplificado, nas hipóteses de
calamidade, emergência, atividades de caráter sazonal e procedimentos sob
demanda.
Mudanças
Para
a advogada Hanna Gomes, o texto vem causando opiniões divergentes,
principalmente, por alterar a estabilidade dos servidores. “Aqueles novos servidores que vão entrar
no serviço público a partir da publicação da emenda vão ter maior dificuldade
para se instalar na estabilidade tão sonhada da administração pública”.
Ela
explica que a reforma busca extinguir o regime jurídico único dos servidores,
fazendo com que haja novas possibilidades de perda do cargo público. “Ela retira a competência que já temos
do Poder Legislativo para criar e extinguir cargos em ministérios e órgãos
públicos dos mais diversos dentro da administração pública”,
diz.
Brasil 61 |
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