Operação do MPRN investiga esquema de fraudes na Prefeitura de Jardim de Piranhas; secretário de Saúde e vereador são presos
O
Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN) deflagrou nesta quinta-feira
(10) a operação Ordenha, que tem por objetivo apurar um esquema de fraudes na
Prefeitura de Jardim de Piranhas. A suspeita é que cerca de R$ 3 milhões tenham
sido desviados dos cofres públicos entre os anos de 2017 e 2019. O atual
secretário municipal de Saúde, um vereador e uma assistente social contratada
pela Prefeitura foram presos preventivamente.
A
operação Ordenha, deflagrada com o apoio da Polícia Militar, cumpriu três
mandados de prisão e outros 17, de busca e apreensão, nas cidades de Jardim de
Piranhas, Natal e Caicó. A investigação apura os crimes de peculato, corrupção
passiva e associação criminosa, além do delito de falsidade ideológica.
A
ação é resultado de um ano e 7 meses de investigações feitas pela Promotoria de
Justiça de Jardim de Piranhas com o apoio do Grupo de Atuação Especial de
Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MPRN. Revelou-se, no curso das
investigações, a existência de um sistema de pagamento de propina e de desvio
de recursos públicos na Prefeitura integrado por servidores públicos
comissionados e empresários fornecedores do Município.
As
investigações foram iniciadas em 28 de março de 2019, com a instauração de um
Procedimento Investigatório Criminal na Promotoria de Justiça de Jardim de
Piranhas com o objetivo de apurar possível atividade de lavagem de dinheiro em
operações realizadas por uma queijeira pertencente ao atual secretário de Saúde
do município.
Essa investigação foi iniciada com o encaminhamento de um Relatório de Inteligência Financeira elaborado pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que apontou uma movimentação atípica no valor total de R$ 2.286.457,00, entre créditos e débitos, no curto período de tempo abrangido pelos meses de setembro de 2018 a janeiro de 2019 na queijeira.
Além
disso, o secretário de Saúde realizou vultosos saques em espécie no período
investigado, bem como se recusou a informar o faturamento dele à instituição
financeira com a qual mantém relacionamento, chamando a atenção dos órgãos do
Sistema de Prevenção à Lavagem de Dinheiro. Há fortes indícios de que a
queijeira, que funciona de fato, seja utilizada em operações de lavagem de
dinheiro.
O
MPRN também já apurou a ocorrência de desvio de recursos públicos na execução
do contrato administrativo firmado entre a Prefeitura de Jardim de Piranhas e
um posto de combustíveis pertencente a um vereador local. Essa fraude se
consuma a partir emissão de “notas fiscais frias” e conta com a ação decisiva
do secretário municipal de Saúde, a quem seria destinado parte dos recursos
públicos desviados do município.
O
secretário de saúde e o vereador foram presos. Além deles, também foi presa
preventivamente uma assistente social contratada pela Prefeitura de Jardim de
Piranhas. O MPRN reuniu fortes indícios de que ela auxiliou o secretário de
Saúde na execução dos crimes investigados, repartindo com ele o recebimento de
vantagem indevida paga por uma empresa fornecedora do município.
Além
dos mandados de prisão e de busca e apreensão, o MPRN obteve o sequestro de
saldo e a indisponibilidade de valores no total de R$ 240 mil, a ser efetivada
pelas instituições financeiras nas quais o secretário de Saúde e o vereador
presos possuem relacionamento para fins de ressarcimento ao erário.
Nenhum comentário: