MPF denuncia ex-governadora do RN e ex-presidente da OAS e sindicalista por desvio de R$ 16 milhões na construção da Arena das Dunas
O
Ministério Público Federal (MPF) denunciou a ex-governadora do Rio Grande do
Norte Rosalba Ciarlini Rosado (atual prefeita de Mossoró); seu marido Carlos
Rosado; o ex-presidente da Construtora OAS José Pinheiro Filho (conhecido como Léo
Pinheiro) e outros sete acusados pelo esquema de corrupção que desviou cerca de
R$ 16 milhões da construção da Arena das Dunas para a Copa do Mundo de 2014, em
Natal.
Operação Mão Bola
O desvio de recursos foi comprovado por meio da “Operação Mão na Bola”,
deflagrada em dezembro do ano passado pelo MPF e Polícia Federal. As
investigações apontaram, entre 2011 e 2014, o pagamento de propina com valores
do financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES) para a construção da arena, por meio de pagamentos a empresas
subcontratadas para prestação de serviços fictícios ou superfaturados, a fim de
gerar “caixa dois” com “dinheiro vivo”. O objetivo das propinas foi assegurar o
contrato de parceria público-privada da Arena das Dunas com os agentes públicos
envolvidos e evitar greves de trabalhadores que pudessem comprometer a execução
da obra junto ao sindicato local.
Denunciados
Entre
os denunciados também estão Demétrio Paulo Torres, então Secretário
Extraordinário do Estado do Rio Grande do Norte para Assuntos Relativos à Copa
do Mundo de 2014; Luciano Ribeiro da Silva (conhecido como Xuxa ) , na época
vice-presidente do Sindicato da Construção Civil Pesada do RN; Charles Maia Galvão,
então presidente da Arena das Dunas Concessões e Eventos S/A e do Consórcio
Arena Natal, empresas criadas pela OAS para gerenciamento da obra; além dos
executivos da empreiteira Adriano de Andrade, Ramilton Machado Júnior, José
Maria Linhares Neto e Matheus Coutinho Oliveira.
Eles
irão responder pelos crimes de corrupção passiva e ativa, lavagem de dinheiro e
desvio de finalidade de financiamento, de acordo com as disposições legais
aplicáveis e a participação de cada um no esquema. As penas previstas, além de
prisão e multa, incluem reparação do dano aos cofres públicos, perda de função
pública e interdição do exercício de função ou cargo público pelo dobro do
tempo da pena privativa de liberdade. A denúncia será analisada pela 2ª Vara da
Justiça Federal no RN.
Evolução
patrimonial e fracionamento – Informações de Pesquisa e Investigação
(Ipei) da Receita Federal demonstraram que a evolução patrimonial dos acusados
é incompatível com as rendas registradas por eles nos anos de 2011 a 2014.
Foram identificadas despesas bem acima dos valores declarados e movimentados em
contas bancárias, reforçando os indícios de existência de fontes não lícitas de
rendimentos.
O
casal Rosalba e Carlos Rosado teve movimentação financeira superior aos
rendimentos declarados e evolução patrimonial a descoberto de 2011 a 2014. Para
fugir dos mecanismos de controle do Conselho de Controle de Atividades
Financeira (Coaf), eles fracionaram operações que somam mais de R$ 500 mil. Foi
identificado também pagamento em espécie de dívidas superiores a R$ 400 mil.
Para
o MPF, “essas circunstâncias indicam que pelo menos parte das vantagens
indevidas pagas e recebidas no caso veio a ser depositada, ao longo do tempo,
em suas contas bancárias pessoais. Isso foi feito de modo estruturado, inclusive
de maneira a mesclar valores de origem lícita e de origem ilícita (recebimentos
de propinas) nas contas em questão, com o propósito de ocultar e dissimular a
natureza, origem, disposição e movimentação de valores”.
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