Operação Corrupião: ex-chefe do Ibama em Mossoró é condenado por corrupção
Uma
denúncia do Ministério Público Federal (MPF) resultou na condenação do ex-chefe
do Ibama em Mossoró, Armênio Medeiros da Costa, por corrupção passiva. Ele foi
preso em fevereiro de 2018, dentro da chamada Operação Corrupião, e denunciado
por receber propina de empresários e até mesmo de um pescador, entre os anos de
2017 e 2018. Em troca, prometia “rasgar” multas por crimes ambientais e livrar
empresas de fiscalizações mais severas.
Armênio
Medeiros foi sentenciado a oito anos de reclusão e pagamento de multa, além da
perda do cargo público, mas ainda poderá recorrer em liberdade. De acordo com o
MPF, as condutas do réu geraram não só prejuízos ao meio ambiente, como também
perdas financeiras ao Ibama, que deixou de arrecadar multas, sem contar o dano à
imagem da instituição junto à sociedade. A ação penal é de autoria do
procurador da República Aécio Tarouco e tramita sob o número
0806708-44.2018.4.05.8401.
Propinas -
As investigações partiram de declarações do ex-superintendente do Ibama no RN,
Clécio Antônio Ferreira dos Santos, afastado do cargo em setembro de 2017 pela
Operação Kodama. Ele afirmou que um dirigente da Federação dos Pescadores do
estado o informou que Armênio havia solicitado R$ 2 mil em propina a um
pescador de Areia Branca para não aplicar uma suposta multa ambiental de R$ 20
mil. A quantia foi repassada em quatro parcelas de R$ 500.
O
pescador confirmou o pagamento da propina e relatou a insistência de Armênio
Medeiros em cobrar a quitação do acordo. A cobrança foi registrada através de
interceptação telefônica, autorizada pela Justiça - na qual os dois falam
abertamente dos valores -, e o pagamento foi fotografado pela Polícia Federal.
Em
outro caso, uma empresária confirmou que Armênio Medeiros compareceu à sede da
sua empresa de ferragens na cidade de Tibau para uma fiscalização e, 15 dias
depois, retornou sozinho, sem fardamento e em veículo próprio. Nesse segundo
momento, solicitou R$ 1 mil (valor depois reduzidos a R$ 400) para “orientar” a
suposta defesa que a empresária teria de fazer diante de uma nova vistoria do
Ibama. Ele a intimidou afirmando que, embora a documentação da empresa
estivesse regular, os fiscais poderiam inventar fatos para aplicar multas.
Férias
– Já em janeiro de 2018, através de interceptação telefônica, constatou-se
que Armênio Medeiros pediu uma propina de R$ 500 a um empresário do Município
de Acari, afirmando que a sua madeireira havia sido denunciada e estaria para
receber a fiscalização de um órgão ambiental. Ele se ofereceu para fazer a vistoria
sozinho, em veículo próprio, e recebeu o dinheiro a título de “gastos com
combustíveis”. Depois fez uma visita à empresa e foi embora.
O
detalhe é que Armênio Medeiros se encontrava de férias e a entrega da propina
foi registrada pela Polícia Federal. Assim como nos demais casos, não
apresentou nenhum documento relativo à suposta vistoria. “Além disso, não
poderia o réu, como servidor público do Ibama, por conflitar com suas
atribuições legais, informar ao suposto infrator ambiental que ele estava na iminência
de sofrer uma fiscalização”, acrescentou o juiz federal Lauro Henrique Lobo,
autor da sentença.
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