Máfia Capital: Núcleos empresarial e administrativo
Devido à complexidade da forma como os
envolvidos cometeram os crimes, o MPRN sistematizou as condutas atribuídas a
cada um dos investigados. A Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio
Público de Caicó desvendou a existência de “clara corrupção e fraude no
processo de contratação de caçambas, por intermédio da Secretaria de
Infraestrutura e Serviços Urbanos de Caicó”. A investigação aponta que, inicialmente,
Clélio José de Sena Filho atuou de forma isolada para corromper Abdon Maynard.
Posteriormente, houve a atuação de um núcleo empresarial integrado por Luiz
Guilherme Salzano Leite, que ostenta a posição de controlador da empresa
Viacon; e outras cinco pessoas, todas investigadas pelo MPRN.
Na Secretaria de Infraestrutura e
Serviços Urbanos de Caicó, foi detectada a corrupção de agente público, que
passou a ser denominada como núcleo administrativo. Esse núcleo promoveu a
fraude do procedimento licitatório de contratação de serviços envolvendo o
fornecimento de caçambas para Caicó; o compartilhamento de informações
sigilosas ou restritas com particular; e o direcionamento da contratação em
favor da empresa Viacon. O núcleo administrativo era composto unicamente por
Abdon Augusto Maynard Júnior.
Para o MPRN, os investigados são
membros de uma “complexa e bem estruturada organização criminosa, cujos líderes
são empresários (núcleo empresarial) responsáveis por um grupo de empresas que,
agindo em típica atividade de cartel, acertando e superfaturando preços, e
pagando vantagens econômicas indevidas (propina) a funcionários públicos
(núcleo administrativo), lograram contratar indevidamente com o Poder Público
Municipal, às custas de licitações indevidamente dispensadas e/ou fraudadas”.
As investigações apontam que “a
contratação da empresa Viacon Construções e Montagens Ltda para realizar o
serviço de coleta de lixo na cidade de Caicó, pelo período emergencial de 3
meses, está repleta de ilicitudes, que precisam ser apuradas mais a fundo, com
a finalidade de averiguar o tamanho real do prejuízo aos cofres públicos, bem
como o grau de participação e culpabilidade de cada um dos agentes envolvidos,
sejam eles agentes públicos ou particulares”.