Matar o mensageiro e ignorar a mensagem, diz NYT sobre denúncia contra Glenn
Congresso em Foco
O
principal jornal norte-americano, The New York Times, publicou nesta
quinta-feira (22) um duro editorial sobre a denúncia do
Ministério Público Federal (MPF) contra o jornalista Glenn Greenwald. "A
acusação feita pelo governo brasileiro contra o jornalista norte-americano
Glenn Greenwald é um caso, cada vez mais familiar, de atirar no mensageiro e
ignorar a mensagem", disse o jornal.
O
editorial foi publicado um dia depois de a denúncia do MPF ser divulgada pela
imprensa brasileira. O procurador federal responsável pelo caso, Wellington
Divino de Oliveira, defende que Glenn participou de forma ilegal do processo de
invasão de celulares de autoridades brasileiras, que deram origem à Vaza Jato,
série de reportagens sobre os bastidores da operação Lava Jato.
O
NYT cita a Vaza Jato e afirma que as reportagens indicam que o agora ministro
da Justiça, Sergio Moro, teria praticado conluio com procuradores, durante a
investigação. O jornal lembra também que a prisão de Lula, julgada por Moro,
foi responsável por "limpar o caminho" para a eleição do presidente
Jair Bolsonaro (sem partido).
"Agora,
em adição ao conflito de interesse implícito, as mensagens hackeadas sugerem
que Moro violou a lei brasileira, sobre a qual os juízes devem ser árbitros
neutros, para ajudar o presidente Bolsonaro", escreve.
O
jornal afirma que, mesmo com as denúncias, os apoiadores de Bolsonaro
preferiram atacar Glenn, ao invés de investigar as acusações contra o ministro
da Justiça.
"Infelizmente,
atacar uma imprensa livre e crítica se tornou uma pedra angular da nova geração
de líderes iliberais no Brasil, como nos Estados Unidos e em outros lugares do
mundo. As acusações de irregularidades são descartadas como 'fake news' ou
calúnias com motivação política, e o poder do estado é aproveitado não contra
os funcionários acusados, mas contra o repórter", afirma o editorial.
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