terça-feira, julho 16, 2019
Governo cogita abrir capital da Caern como alternativa à privatização total
Agora RN
Resistente à ideia de privatizar
empresas estatais integralmente, a governadora Fátima Bezerra estuda
alternativas para atrair investimento privado para a Companhia de Águas e
Esgotos do Rio Grande do Norte (Caern). De acordo com o presidente da
companhia, Roberto Sérgio Linhares, a governadora já admite a possibilidade de
“abrir o capital” da Caern, como forma de obter recursos para serem aplicados
em projetos de infraestrutura hídrica e esgotamento sanitário.
Na proposta avaliada pelo governo, o
Estado continuaria com o controle da companhia, mas teria a gestão
compartilhada com investidores privados, a partir da venda de ações no mercado
financeiro. De acordo com Roberto Linhares, não há prazo para que isso aconteça.
Ele afirma que, antes, seria necessária uma espécie de preparação da companhia,
até para torná-la mais atrativa aos investidores.
“Eu entendo que a Caern tem como
continuar pública (em partes), dando seus resultados, trazendo eficiência e
respeito ao erário. Mas, para isso, precisa trazer o privado para junto. Uma
das formas de fazer isso é com parcerias público-privadas; e abrir o capital. A
governadora já conversa sobre isso e sabe da necessidade”, revelou Linhares,
nesta segunda-feira, 15, em entrevista à Rádio Cidade (94,3 FM).
O presidente da Caern ressalta,
entretanto, que é preciso otimizar processos internos da empresa antes de o
governo se lançar no mercado em busca de parcerias. “Precisamos organizar a
Caern internamente. Abrir o capital significa ser (antes) mais eficiente, mais
ágil, atender melhor”, enfatizou.
Segundo o dirigente, o processo que
antecede a abertura de capital da Caern pode durar até um ano e meio. Nesse
período, a companhia precisaria adotar algumas estratégias para se valorizar no
mercado. “Precisamos fazer o que a gente chama de ‘valuation’, que é dar valor
à Caern para o investidor. Se o investidor não perceber que a Caern tem valor,
não tem como abrir o capital”, reafirma.
Entre as estratégias de valorização da
empresa, está a melhoria da governança. Roberto Linhares assinala que órgãos
internos já foram criados recentemente para melhorar esse setor. “Já temos
comitê de auditoria e comissão de controles internos e as licitações já são
feitas separadas”.
Além disso, a Companhia de Águas e
Esgotos do Rio Grande do Norte estuda fazer o que se chama de “monetização”, a
partir da criação de um fundo com bens não operacionais da Caern, para atrair
até R$ 150 milhões para a empresa. É avaliada, ainda, a emissão de debêntures,
ou seja, a negociação na Bolsa de Valores de parcelas de dívidas da companhia.
Com essas estratégias, a Caern espera
ter verba para aplicar em projetos próprios. O presidente da empresa estima
que, em pouco mais de um ano, seria possível incrementar a receita da estatal
em aproximadamente 25%. Atualmente, a Caern tem uma receita mensal de cerca de
R$ 52 milhões.
“Quando o mercado perceber esse
movimento, na busca da eficiência, (com a Caern) trabalhando como se privado
fosse, a gente vai gerar valor. Os R$ 1,5 bilhão a R$ 2 bilhões de valor da
companhia se refletem, e a gente consegue captar um valor significativo”,
destaca Roberto Linhares.
O dinheiro proveniente da abertura de
capital seria empregado, segundo o presidente da Caern, na universalização do
serviço prestado pela companhia atualmente, tanto no esgotamento sanitário
quanto no abastecimento de água.